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quarta-feira, 25 de abril de 2018

DISCALCULIA OU DISCALCULIAS, ESPECIALISTA DISCUTE SOBRE O ASSUNTO


      O especialista em distúrbios de Aprendizagem e Analista do comportamento Michel dos Santos Silva esclarece que antigamente se falava em apenas uma categoria de discalculia. Hoje já se sabe que, assim como o transtorno do espectro autista, existem muitas categorias nos transtornos das habilidades aritméticas. Falamos hoje não de discalculia como categoria única, mas de discalculias. 
     Para se iniciar a discussão sobre discalculia, é necessário ter em vista que o termo "acalculia" e "discalculia" não podem ser empregados para o mesmo transtorno. 
     O termo acalculia é referido por Keller e Sutton (1991, apud Garcia, 1998, p.212) como "um transtorno relacionado com a aritmética, adquirido após uma lesão cerebral, sabendo que as habilidades já haviam consolidado e desenvolvido". Ou seja, a pessoa desenvolve a acalculia após uma lesão ocorrida em um acidente que ocasiona, por exemplo, lesão cerebral. 
     Por outro lado, a discalculia não é causada por lesões na região cerebral e está associada, principalmente, a estudantes que apresentam dificuldades durante a aprendizagem das habilidades matemáticas. O termo foi referido por Garcia (1998) como discalculia ou discalculia de desenvolvimento, e se caracteriza como uma desordem estrutural da maturação das capacidades matemáticas, sem manifestar, no entanto, uma desordem nas demais funções mentais generalizadas.          
     A criança discalcúlica poderá desenvolver todas as habilidades cognitivas necessária nas outras disciplinas escolares, mas possuir certa deficiência durante a realização de uma ou mais operações matemáticas. Se a discalculia não for detectada poderá ocasionar muitos danos na aprendizagem.        
   Com efeito, a percepção de sua limitação implicará numa incapacidade evolutiva e, consequentemente, na perda da autoestima, da autoimagem e da sua motivação para aprender.
      De acordo com o especialista em distúrbios de aprendizagem, Michel dos Santos Silva, as pessoas com qualquer distúrbio de aprendizagem não são limitadas em aprender, apenas aprendem em uma velocidade e de uma forma diferente da maioria, além disso destaca-se que a discalculia não é um problema intelectual, não se refere a inteligência (Silva, M. S. 2015). 
     Aqui também é importante distinguir que uma pessoa com dificuldade em matemática, não necessariamente tem discalculia. Fatores emocionais e ambientais eliminam a possibilidade de diagnóstico de discalculia, mas não eliminam o desenvolvimento das habilidades aritméticas.  Assim, por exemplo, uma criança que não se alimenta direito, que não dorme direito, que presencia brigas dos pais, discussões familiares, podem ter a aprendizagem afetada por esses fatores, e não porque tem algum distúrbio de aprendizagem. Esses casos são enquadrados como dificuldades de aprendizagem e não distúrbios de aprendizagem. Embora já se saiba que o ambiente tem uma grande influência no desenvolvimento das habilidades aritméticas, como é o caso dos índios da tribo Pirahã, que como visto em outra postagem, somente sabem contar até dois.
   De acordo com Vieira (2004, p.111) discalculia significa, etimologicamente, alteração da capacidade de cálculo e, em um sentido mais amplo, as alterações observáveis no manejo dos números: cálculo mental, leitura dos números e escrita dos números. 
     Em uma classificação apresentada nos estudos de Kosc (1974), foi englobada seis tipos de discalculias, afirmando que essas discalculias podem estar manifestadas sob diferentes combinações e unidas a outros transtornos de aprendizagem, como é o caso, por exemplo, de crianças com dislexia ou TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Os subtipos dividem-se em:
  1. DISCALCULIA VERBAL: dificuldade em nomear quantidades matemáticas, os números, os termos e os símbolos;
  2. DISCALCULIA PRACTOGNÓSTICA: dificuldades para enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagem;
  3. DISCALCULIA LÉXICA: dificuldades na leitura de símbolos matemáticos;
  4. DISCALCULIA GRÁFICA: dificuldades na escrita de símbolos matemáticos;
  5. DISCALCULIA IDEOGNÓSTICA: dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos; e
  6. DISCALCULIA OPERACIONAL: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos.
     O primeiro passo é a identificação da discalculia, e em seguida o diagnóstico, que deve ser feito por um profissional qualificado em distúrbios de aprendizagem. E aqui é importante destacar que, embora os educadores possam ter dúvidas frente ao diagnóstico, esses não podem diagnosticar, e se perceberem indícios de qualquer distúrbio de aprendizagem, devem encaminhar aos profissionais habilitados para isso, caso não sejam habilitados. 
     Os especialistas dizem que uma das coisas que prejudica a pessoa com distúrbio de aprendizagem é o "rótulo", muitas crianças não são chamadas pelo nome, mas pela dificuldade ou pelo distúrbio: -O Disléxico faltou- Aquela criança com discalculia não presta atenção nas aulas- Tem que chamar a mãe daquele hiperativo aqui na escola. Isso é péssimo para a crianças, que é muito mais do que o diagnóstico recebido, ninguém merece ser chamado pelo nome da sua dificuldade, o ideal é SEMPRE chamar a criança pelo nome e não pelo que ela apresenta, e isso vale para todos, tanto para os responsáveis como para os educadores, pois os rótulos destroem a autoestima da pessoa e podem ser tão prejudiciais como o bullying. 
     De acordo com Bernardi (2014) "o educador deve estar atento ao processo de aprendizagem de seus educandos, principalmente quando a criança demonstrar pouca motivação para aprender, revelar uma autoimagem negativa e, consequentemente, uma baixa autoestima por cometer muitos erros durante a realização de atividades matemáticas relacionadas à construção do número ou de aritmética. Comportamentos e equívocos aparentemente banais durante a construção do conhecimento matemático, mas que podem ser a chave reveladora de uma discalculia. 
    Além disso, o professor necessita de utilização e exploração de alguns instrumentos neuropsicológicos para identificar um aluno com discalculia. Vieira (2004, p.116) formulou uma relação dos principais transtornos de aprendizagem que atingem exclusivamente a Matemática, os quais podem auxiliar o professor na identificação de um aluno com discalculia:
  • Dificuldades na identificação de números: o aluno pode trocar os algarismos 6 e 9, 2 e 5, dizer dois quando o algarismo é quatro.
  • Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca: dizer o número a uma velocidade e expressar, oralmente, em outra.
  • Escassa habilidade para contar compreensivamente: decorar rotina dos números, ter déficit de memória, nomear de forma incorreta os números relativos ao último dia da semana, estações do ano, férias.
  • Dificuldade na compreensão dos conjuntos: compreender de maneira errada o significado de um grupo de coleção de objetos.
  • Dificuldade na conservação: não conseguir que os valores 6 e 4+2 ou 5+1 se correspondem; para eles somente significam mais objetos. 
  • Dificuldades no cálculo: o déficit de memória dificulta essa aprendizagem. Confusão na direcionalidade ou apresentação das operações a realizar.
  • Dificuldade na compreensão do conceito de medida: não conseguir fazer estimações acertadas sobre algo quando necessitar dispor das medidas em unidades precisas.
  • Dificuldade para aprender a dizer as horas: aprender as horas requer a compreensão dos minutos e segundos e o aluno com discalculia quase sempre apresenta problemas.
  • Dificuldade na compreensão do valor das moedas: dificuldade na aquisição da conservação da quantidade, relacionada a moedas, por exemplo: 1 moeda de 25= 5 moedas de 5.
  • Dificuldade na compreensão da linguagem matemática e dos símbolos: adição (+), subtração (-), multiplicação (x) e divisão (:).
  • Dificuldade em resolver problemas orais: o déficit de decodificação e compreensão do processo leitor impedirá a interpretação correta dos problemas orais.
     Esses transtornos específicos de Matemática requerem certa urgência na sua identificação, pois quanto antes forem diagnosticados, mais fácil tornar-se-á o processo de intervenção. É importante que o professor, ao iniciar o trabalho com alunos discalcúlicos, proporcione intervenções pedagógicas visando o resgate da autoestima e da autoimagem desse aluno. A este respeito, Coll, Marchesi e Palacios (2004a) orientam que o docente deve procurar conhecer as possibilidades dos alunos, e não apenas aprofundar-se no déficit".
     Pesquisas tem mostrado que a Análise do Comportamento contribui muito para pessoas com distúrbios de aprendizagem (Silva, M. S. 2015).
     É importante que os responsáveis saibam que não são todos os educadores que estão preparados para trabalhar com crianças com distúrbios de aprendizagem, e mesmo que estejam, nosso sistema educacional não proporciona condições adequadas para esse trabalho. Uma sala com 40 crianças e apenas um educador, é um grande desafio, e o acompanhamento de uma criança com distúrbio de aprendizagem padece por não poder ser acompanhada adequadamente, não pela motivação do educador, mas pela dificuldade em "dar atenção" para a pessoa com distúrbio, e os outros 39 que estão "derrubando a sala de aula". 
     Por isso Silva (2015) aconselha que as crianças que apresentam características de distúrbios de aprendizagem, ou mesmo as diagnosticadas, tem uma significativa melhora com o acompanhamento terapêutico, que é um trabalho clínico que visa promover a autonomia e a reinserção social, bem como uma melhora na organização subjetiva do paciente, por meio da ampliação da circulação e da apropriação de espaços públicos e privados.
     O trabalho clínico se desenvolve através de encontros cujo campo de ação é o cotidiano dos sujeitos acompanhados, e um fazer em comum, por meio do qual o paciente pode encontrar uma maneira de conduzir sua vida de forma mais autônoma. Os atendimentos podem acontecer em casa e/ou em outros espaços da cidade como cinemas, lanchonetes, shoppings, teatros, escolas etc. 
     O profissional elabora um plano de trabalho e executa a partir das demandas do paciente, e os objetivos que deseja atingir, de uma forma singular, a duração e frequência se definem em função de cada caso. 
     Para mais informações entre em contato com o especialista em distúrbios de aprendizagem pelo email: especialistamichel@gmail.com.

     Abaixo está um vídeo, sobre a discalculia, explicada no programa do Jô, assistam, em uma parte mostra um macaco resolvendo questões de memória de curto prazo, muito interessante!


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