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terça-feira, 3 de abril de 2012

Relações Obsessivas

Para analisarmos um relacionamento obsessivo é necessário considerar a relação simbiótica entre mãe e filho, pois se ela se perpetua por muitos anos pode impedir que o sujeito cresça e se fortaleça a partir do enfrentamento da vida, das crises, das carências.
A falta promove a busca e é a aventura da busca que faz o homem.
 O melhor exemplo para a questão da resolução do conflito da obsessão é o corte do cordão umbilical, simbolizando a quebra do ligamento que precisa acontecer em várias etapas do desenvolvimento.
O primeiro é físico e ocorre logo após o nascimento, os outros são psicológicos acontecendo em quatro momentos na história do desenvolvimento com o sujeito.
O segundo acontece no desmame, o terceiro quando a criança vai a escola pela primeira vez, o quarto na adolescência com o advento da puberdade, e o último quando o filho deixa a casa dos pais, em função de casamento ou outro motivo.
Amar é aceitar o outro exatamente como ele é.
A presença do amor verdadeiro no relacionamento de ambos facilita o reajustamento.
O que é um relacionamento obsessivo?
Quando um casal não consegue preservar as individualidades, quando o apaixonamento significa perder o referencial próprio e derramar-se no outro na expectativa de que todas as suas realizações venham do outro, que se torna fonte neurótica de toda a felicidade e motivação para viver, instala-se a relação obsessiva.
Quem não é capaz de se aceitar e de se amar certamente não será capaz de aceitar o outro e de amá-lo. Quando o mandamento bíblico aconselha que devemos amar o próximo como a nós mesmos, a interpretação imediata é que não devemos (ou que não seria razoável) amar o outro mais que a nós mesmos. De onde se conclui: se eu não sou capaz de me amar, como poderei amar outra pessoa?
Se não se tem amor próprio como ao próximo o nome que se dá ao relacionamento com o outro é obsessão.
A seguir o dia de um casal, a mulher completamente obsessiva e o marido em algumas vezes alimenta a obsessão tornando um relacionamento doente.

7h. Ele acorda, beija a mulher, levanta-se e apronta-se para o trabalho.
8h. Ele já está saindo para trabalhar e ela ainda está na cama...
Ela- amor vai sair assim sem me beijar?
Ele- Estou atrasado, querida.
Ela- Está vendo como você me trata? Pode ir. Esqueça que eu existo.
Ele volta, aproxima-se da cama e abaixa-se para um beijo de despedida.
Ela- Fica mais um pouco, você só pensa em trabalho...
Ele- Não posso...
Ela não se importa com a alegação do compromisso de trabalho e tenta mantê-lo mais tempo em casa, a todo custo, usando suas armas de sedução.
Ela- Fica um pouco... Você não gosta mais de mim? Eu não sou mais atraente?
Ele- Você é linda, meu amor, mas deixa eu sair para trabalhar...
Ela desiste e vira o rosto, mostrando contrariedade.
12h.
Ela (ao telefone)- Amor, você não vem almoçar em casa?
Ele- Claro que não, eu nunca almoço em casa.
Ela- Pois é você nunca se importa comigo. Dá mais valor a empresa do que a mim. Só pensa em trabalho.
Ele- Alguém precisa pensar em trabalho nessa casa...
Ela- Está vendo? Agora você me acusa de não trabalhar. E o trabalho doméstico não conta?
Ele- Eu não disse que o trabalho doméstico não era importante, eu disse que...
Ela- Quer saber de uma coisa? Quando você chegar à noite, a casa vai estar bagunçada e não terá o jantar pronto.
Ele- Agora preciso desligar, está chegando um cliente e...
Ela- Está vendo? Vai bater o telefone na minha cara, como sempre faz...
Ele- Até mais. Preciso desligar.
15h30min.
Ela (ao telefone)- Estou passando mal, estou muito doente, não dá pra vir aqui agora?
Ele- Não, agora não posso. Estou trabalhando.
Ela- Não vai nem perguntar o que eu estou sentindo? Para que eu tenho marido?
Ele- Marque uma consulta, e á noite eu te levo ao médico.
Ela- Mas eu estou doente agora, á noite não adianta mais. Você não liga mesmo se eu morrer.
Ele- Não dramatize, não é necessário.
Ela- Outra vez me chamando de histérica? Bate o telefone.
19h. Ele chega em casa e ela está deitada, toda coberta, com o quarto totalmente escuro.
Ele- Boa noite, amor.
Ela- Péssima noite.
Ele- O que houve?
Ela- Agora você quer saber?
Ele- Foi ao médico?
Ela- Não, eu não tinha forças para sair sozinha, tinha medo de desmaiar na rua.
Ele- Você está melhor agora?
Ela- Sobrevivi.
Ele- Mas o que aconteceu?
Ela- Quase morri.
Ele- Vou tomar um banho.
Ela- Fique aqui comigo, estou muito mal.
Ele- Tudo bem vou ficar um pouco, mas tenho de tomar o meu banho e terminar o orçamento de uma cliente.
Ela- Sabia que tinha mulher no meio dessa história.
Ele- Não é mulher...
Ela- Você disse uma cliente. Olha aqui..., se você estiver me traindo, eu irei lá na empresa e você não imagina do que eu sou capaz...

E assim, sucessivamente, os diálogos repetem-se, sempre retornando ao mesmo ponto. A insegurança, as exigências, as brigas, as pazes, as promessas, os pedidos de jura de amor, novas exigências, novas brigas... e tudo o mais se repete em um círculo vicioso, denotando uma relação de base obsessiva e dependente.


2 comentários:

  1. muito interessante! Realmente esse tipo de relação existe em muitos casais.

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  2. Não só existem como são o principal fator de separações

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