Fumar maconha com muita frequência pode causar níveis significativos de danos cerebrais, segundo um novo estudo.
Os pesquisadores descobriram, analisando um tipo específico da erva, que pessoas que consumiram a Cannabis de alta potência (uma versão da planta com maior concentração de THC) constantemente apresentaram fortes sinais de danos ao corpo caloso. Esta área do cérebro é a responsável pela transmissão de sinais entre os lados direito e esquerdo. Tais danos podem levar a doenças mentais e sintomas psicóticos, como alucinações e diminuição da atividade cerebral.
Os pesquisadores dizem que suas descobertas são conclusivas e dizem respeito à Skunk, maconha feita por duas espécies da Cannabis, alterando o teor de THC (tetraidrocanabinol), a substância psicoativa que causa um estado alterado da mente. Os autores demonstram uma “necessidade urgente” de educar a população, as equipes médicas, autoridades e políticos, sobre os riscos da Skunk, que é o tipo de maconha mais popular no Reino Unido, local do estudo.
A Skunk possui altos níveis de um composto chamado delta-9 tetra-hidrocanabinol (THC), com níveis cerca de 20% maiores atualmente do que há dez anos atrás. Isso acontece porque os cultivadores deixaram a erva mais forte para que seus efeitos sejam mais contundentes e perceptíveis. “Nós descobrimos que o uso frequente de Cannabis de alta potência afeta significativamente a estrutura de fibras da matéria branca no cérebro, tendo psicose ou não. Isso reflete uma escala na qual quanto mais Cannabis se fuma e maior sua potência, pior é o dano”, disse a Dra. Paola Dazzan, do Instituto de Psiquiatria do Kings College London, na Inglaterra, uma das autoras da pesquisa. Segundo ela, o dano ao corpo caloso era capaz de tornar o cérebro menos eficiente, diminuindo o fluxo de informações no local.
Os pesquisadores estudaram 56 pacientes que relataram ter um incidente psicótico pela primeira vez e 43 voluntários saudáveis. Os indivíduos saudáveis tinham uma idade média de 27 anos e os pacientes psicóticos, de 29. Metade dos voluntários saudáveis fumavam Cannabis diariamente, em comparação com 70% dos pacientes psicóticos. Os cientistas realizaram uma ressonância magnética no cérebro para avaliar os níveis de danos.
“A lesão da substância branca foi significativamente maior entre os usuários assíduos de maconha de alta potência, do que em usuários ocasionais ou de baixa potência”, relatou o Dr. Tiago Reis Marques, pesquisador sênior do King College London.
Dazzan acrescentou: “Há uma necessidade urgente de educar os profissionais de saúde, o público e os responsáveis políticos sobre os riscos envolvendo o uso de cannabis. É extremamente importante reunir informações sobre quantas vezes e qual o tipo de Cannabis está sendo utilizado. Estes detalhes podem ajudar a quantificar o risco de problemas de saúde mental e aumentar a conscientização sobre o tipo de dano que essas substâncias podem causar ao cérebro”.
A conclusão dos autores na revista Psychological Medicine foi que “A cannabis de alta potência está substituindo preparações à base de plantas tradicionais de cannabis em muitos países, principalmente europeus. Aumentar a consciência sobre os riscos do abuso da cannabis de alta potência parece, portanto, crucial’.
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